PRINCÍPIOS PARA SER UMA PESSOA ABENÇOADA

TEXTO – Dn. 12.13 – Tu, porém, segue o teu caminho até ao fim; pois descansarás e, ao fim dos dias, te levantarás para receber a tua herança.

Ne 13.14 – Por isto, Deus meu, lembra-te de mim e não apagues as beneficências que eu fiz à casa de meu Deus e para o seu serviço.

INTRODUÇÃO – A história começa a 446 a.C, 90 anos depois da volta de Zorobabel, 70 anos depois da reconstrução do templo e 12 anos depois da volta de Esdras.

O povo tinha voltado para seus antigos pecados, e a conclusão dessa restauração parecia impossível.

Começar não é difícil, mas chegar até o fim é sempre um desafio. Na carreira que nos foi proposta, Hb 12.1, só haverá coroação para aqueles que forem até o fim. Ap. 2.10, Jesus disse: “Sê fiel até a morte (o fim), e dar-te-ei a coroa da vida.”

I – O HOMEM PARA UMA TAREFA – Neemias judeu nascido no cativ. Copeiro

Ne 1.3 Disseram-me: Os restantes, que não foram levados para o exílio e se acham lá na província, estão em grande miséria e desprezo; os muros de Jerusalém estão derribados, e as suas portas, queimadas.

Após ouvir essas palavras, no V.4, ele chora, lamenta, jejua e ora ao Deus dos céus.

Deus sempre tem homens para sua obra, qdo chega a hora da necessidade, o homem necessário aparece. Ex.: Moisés, Gideão, Samuel, os profetas.

II – A OBRA A SER FEITA – A CONSTRUÇÃO DO MURO CAP. 1 A 7

Ne 2.5 – e disse ao rei: se é do agrado do rei, e se o teu servo acha mercê em tua presença, peço-te que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a reedifique.

A cidade de Jerusalém estava em estado deplorável, devido a derrotas e saques.

A obra de Deus sempre é construtiva e não se satisfaz com a ruína.

III – MÉTODOS E MEIOS EMPREGADOS

a) Inspeção – 2.11-16 Descansou 3 dias e a noite foi inspecionar o muro

b) Exortação – 2.17,18 Não propôs agir sozinho, reuniu todos e motiva-os a fazer a obra juntos, a cooperação no serviço divino é indispensável.

c) Organização do trabalho – Cap 3, maravilha de método e ordem

d) Distribuição do trabalho – Cap 3, homens e famílias determinados em seu lugar no muro.

e) Alegria de trabalharem juntos – Cap 4 V.6Assim, edificamos o muro, e todo o muro se cerrou até sua metade; porque o coração do povo se inclinava a trabalhar.

IV – AS DIFICULDADES ENCONTRADAS

a) Oposição de fora (Sambalate, Tobias e os seus, 4.1-3, representa o inimigo de nossas almas.)

b) Sempre tem os que querem você na cova – Ne 4.7 Mas, ouvindo Sambalate e Tobias, os arábios, os amonitas e os asdoditas que a reparação dos muros de Jerusalém ia avante e que já se começavam a fechar-lhe as brechas, ficaram sobremodo irados.

c) Desânimo de dentro – Cap. 4 V.10 (Mt 24.12 a multiplicação da iniqüidade)

d) Desânimo acontece por causa da mentira do inimigo – Cap 4 V11 e V12

e) Onde Deus está o desânimo sai… e as boas novas correm e deixam os inimigos furiosos.

f) Mensageiros Hipócritas 5 vezes– Cap 6 V2 e V3 – 2  Sambalate e Gesém mandaram dizer-me: Vem, encontremo-nos, nas aldeias, no vale de Ono. Porém intentavam fazer-me mal. 3  Enviei-lhes mensageiros a dizer: Estou fazendo grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria a obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?

Tem gente que cai no buraco e fica reclamando, Primeira coisa que vc faz qdo cai no buraco, para de cavar, não desista por causa do obstáculo, mas persevera… descobre outra estratégia… tem que tentar de todo jeito até dar certo! Precisamos de criatividade.

Não dá pra entrar pela porta, vamo subir pelo telhado! seja criativo. Lc 5 – C.S. Loues “o homem não precisa ser ensinado, mas ele precisa ser lembrado do que ele já sabe!”

V – OS SEGREDOS DO EXITO – Cap. 12

a)       No fim de 52 dias o muro foi concluído e dedicaram V. 27

b)      Mas a obra não acabou havia necessidade morais e matérias

c)       Neemias pela direção de Deus leva o povo a arrepender-se e purificar-se e também a conscientização de contribuir na obra de Deus

d)      Reestabelece uma nova aliança

e)       E Neemias conclui tudo o que colocará em seu coração dizendo no V. 31, Lembra-te de mim Deus meu, para o meu bem.

CONCLUSÃO – Amado como você está se dirigindo para chegar até o fim sendo um homem de sucesso? Ec 9.10 – Tudo o que você tiver de fazer faça o melhor que puder, pois no mundo dos mortos não se faz nada, e ali não existe pensamento, nem conhecimento, nem sabedoria.

Published in: on julho 16, 2009 at 6:03 pm  Deixe um comentário  

O Deus Desconhecido

Ao Deus Desconhecido no Areópago

“Pois, andando pela cidade, observei cuidadosamente seus objetos de culto e encontrei até um altar com esta inscrição: AO DEUS DESCONHECIDO. Ora, o que vocês adoram, apesar de não conhecerem, eu lhes anuncio.”

O apóstolo Paulo teve uma vida bastante agitada e emocionante, cheia de processos de martírio, apedrejamento, chicoteadas, aprisionamento, em fim, um verdadeiro herói da fé para o mundo gentio e para nós, hoje nós, alcançados pela graça do evangelho do Senhor Jesus.

Encontramos Paulo nesse momento na famosa cidade de Atenas (Atos 17:13-15), após passagens conturbadas pelas cidades de Tessalônica e Beréia, onde pregou a mensagem. É graças a esta cidade tão importante na história da humanidade que devemos muito do que sabemos hoje a respeito de política, arte, filosofia e até mesmo de esporte. No primeiro século, qualquer homem culto ficaria maravilhado ao colocar os pés em Atenas, por causa de sua arte e de sua cultura e também pela oportunidade de levar questões para uma discussão com homens sábios.

A arte de hermenêutica e homilética, sendo praticadas pelos gregos, fascinavam as pessoas que visitavam a cidade, seu interesse profundo pela política e comércio fazia deles um povo diferenciado, podemos ver isso com relação aos judeus, que apenas tinha interesse na sua lei e zelo pelo templo, praticando o que os gregos chamavam de amixia, ou não mistura com outros povos de culturas diferentes, para preservarem suas etnias. Já os gregos priorizavam o conhecimento abrangente e filosófico do mundo acima de tudo, para eles o contato com outras pessoas contribuía cada vez mais para aguçar e desenvolver seu conhecimento mais e mais. “Como eu costumo dizer, os gregos eram como crianças, gostavam de aprender a aprender”.

Paulo sendo um homem sábio e inteligente, sempre zelando pelo ministério que o Senhor Jesus o chamou, cumpria o seu chamado, bom missionário alicerçado na graça e na fé, saiu a apregoar o nome do Senhor para o povo gentio, mas precisamos relembrar algo, para essa missão, o homem eleito deveria possuir uma identidade transcultural, não somente de certidão de nascimento, mas também de vivência e experiência no campo missionário. Sua preparação fora iniciada desde o vente de sua mãe, pois seus pais sendo judeus, eram moradores de uma região romana, e com certeza possuidores do título de nobreza de cidadãos romanos, com isso o seu filho o pequeno Saulo, possuía 2 cidadanias, uma judaica e outra romana. Uma beneficiando-o com a lei e outra com a influencia e política.

Sua transculturação não era apenas de experiência no campo missionário, mas sim de berço, onde o mesmo passou muitos anos se preparando para o chamado de Deus em sua vida, podemos aqui frisar que todos nós precisamos nos preparar para assumirmos algo que o Senhor quer dar em nossas mãos, não podemos cortar caminhos e pegar atalhos, e Paulo é um grande exemplo disso.

Paulo após chegar a Atenas, se interessa pela cultura local da cidade, lê um pouco dos seus poetas e filósofos, como sempre isso era de costume, começa um grande estudo rápido e sistemático, analisando a cultura daquele povo, relembrando que o povo grego, retirando as práticas políticas e filosóficas, sua estrutura religiosas era alicerçada no paganismo e culto a vários deuses. Se fizermos uma análise na linha do tempo da história da humanidade com base no estudo do povo grego, podemos ver que não só o culto a outros deuses era de costume grego, mais sim também o culto ao imperador e sacrifícios ao mesmo, ocorrendo com grande influência em meados de 165 a.C. com o governo do imperador Antíoco IV Epifanes, que ordenou a construção de um grande altar, onde cada cidadão deveria sacrificar ao seu imperador, desencadeando ali a chamada guerra dos Macabeus.

Estima-se que em Atenas existia mais de 30.000 deuses e altares pagãos nesta época, sem contar com os que cada um criava em sua casa e portas, construindo altares para adoração em seus lares. Segundo Petrônio, grande escritor grego, era mais fácil achar um deus que um homem em Atenas. Segundo alguns historiadores, Atenas tinha mais imagens do que em todo o resto da Grécia.

A primeira reação de Paulo foi oposta a de qualquer outra pessoa da época. A Bíblia nos diz que ele “ficou profundamente indignado ao ver que a cidade estava cheia de ídolos” (Atos 17:16).

Em sua investigação sobre o politeísmo, ele começa a visitar os altares de outros deuses lendo suas inscrições, até chegar a um altar com a seguinte inscrição: “Ao Deus Desconhecido”, At 17.23.

Ele, que estava ali simplesmente esperando seus amigos Silas e Timóteo (Atos 17:15) para seguir viagem, após ler essa inscrição, sente o desejo e o ardor de anunciar a mensagem diariamente, sobre um Deus verdadeiro, e fazia isso não só em praça pública, mas onde poderia ser ouvido por todos e também nas sinagogas dos judeus. Ele tinha chegado a uma cidade repleta de crenças, mas que desconhecia o Deus verdadeiro. A visão que Paulo teve de Atenas perturbou-o muito e ele se sentiu na obrigação de ajudar este povo sem conhecimento algum de Deus.

Após sua pesquisa exaustiva sobre a cidade e sua história, ele se apresenta para defender sua tese, sobre o verdadeiro Deus, em um lugar muito respeitado pelos gregos, onde ali se constituía o grande tribunal de Atenas, o famoso Areópago.

Areópago no grego, Areio Pagos ou Colina de Marte (Ares), o deus da guerra. Trata-se de uma volumosa projeção de pedra calcária, com cerca de 115 m de altura, a noroeste da Acrópolis de Atenas, à qual está ligada por uma estreita língua de terreno mais baixo. Dá frente para o Agora, o mercado é o centro legal de Atenas dos tempos clássicos e helenistas. O termo Colina de Marte é uma designação latina. Degraus escavados na rocha conduzem ao cume.

Ali ainda podem ser vistos bancos, escavados na rocha. Reunia-se ali o tribunal do Areópago. Temos conhecimento desse lugar através de muitas referências literárias e de algumas evidências arqueológicas. Há evidências do alicerce de um edifício, ou, talvez, de restos de altares que ali foram deixados. Na vertente nordeste, quatro túmulos posteriores (da civilização pré-grega) foram escavados na rocha relativamente macia.

Certa quantidade de material votivo sugere que a colina a princípio era usada como santuário de algum culto religioso, talvez ás Areia, e alguns estudiosos supõem que o nome do lugar originalmente se derivou desse designativo. Os latinos chamavam o lugar de Scopolus Martis, Cúria Martis (Juvenal Sat. ix.101), ou Areum Judicium (Tácito, Annais ii.55).

Desde tempos remotos, reunia-se ali o tribunal do Areópago. No começo era uma espécie de concílio da cidade, que cuidava dos negócios da cidade; mas, antes disso, parece que era um lugar onde eram julgados os casos de homicídio. Havia duas pedras lavradas no cume. Uma delas era a pedra do ultraje, onde o acusador se punha de pé para expor a sua acusação. A outra era a pedra da violência, onde ficava o  acusado.

Nos dias de Péricles, era essencialmente um tribunal criminal;  mas, nos tempos romanos, reverteu a uma gama maior de atividades, incluindo questões de educação e religião. O tribunal, composto por um corpo representativo de anciãos e dos cidadãos mais importantes, algumas vezes reunia-se no Stoá Basileios, ou Pórtico Real. É possível que Paulo tenha feito sua exposição do evangelho diante do tribunal no Pórtico, embora possa tê-lo feito na própria colina. A multidão reunida (ver Atos 17:19-22,33), sugere o primeiro caso (ver Atos 17:15-34). Seja como for, Paulo, como apresentador de ideias novas, estava sujeito à censura.

Mas também havia a imensa curiosidade da mente grega, que queria ser melhor informada a respeito de estranhas doutrinas, como a ressurreição, advogada por Paulo. O relato parece indicar mais uma investigação do que um julgamento, pelo que não parece que Paulo estivesse correndo qualquer perigo.

Paulo tomou como seu ponto de partida a inscrição em no altar onde leu: Ao Deus Desconheci­do, e procurou levar seus ouvintes a uma mais decente concepção de Deus, especialmente sobre como Ele se relaciona com o homem. Ele é o Criador e Juiz de todos os homens, e eles Lhe são responsáveis.

Paulo, estando em Atenas, provavelmente conhecendo essa história, lança mão desse elemento da cultura religiosa dos atenienses para lhes dizer que: “passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais não o conhecendo, é o que eu vos anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mão de homens; nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; e de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, a os limites da sua habitação; para que buscassem ao senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar;ainda que não está longe de cada um de nós; porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração” At 17:23-28

Deus Desconhecido, do gr.” Agnósto theo“, nome que os atenienses atribuíram ao Deus da Bíblia, o Criador dos céus e da terra, mesmo não o conhecendo. Segundo Don Richardson, em seu livro: “o fator Melquisedeque”, em 600 a.C, houve uma praga que caiu sobre os atenienses e esses, por sua vez, ofereceram sacrifícios a todas as divindades conhecidas sem contudo obterem resposta. Numa reunião do conselho através de uma sacerdotisa, acharam por bem enviar um navio para ilha de Creta a fim de trazer de lá um homem chamado Epimênides um grande filósofo e poeta, que segundo ela, saberia como apaziguar o deus ofendido e livrar Atenas daquela terrível praga.

Quando Deus chama um homem, ele primeiro quer que nos o conhecemos e depois fazemo-lo conhecido, e Paulo aqui nesta ocasião se indigna, pois estudando os manuscritos antigo da época de Epimênedes, validado Segundo Don Richardson, em seu livro: “o fator Melquisedeque”, em 600 a.C um grande cretense que é chamado para orar pela cidade em prol de uma praga que toma conta de todos, e os mesmo, sacrificam em todos os altares, porém nada lhes acontece. A sacerdotisa da época pede para que busquem Epimênedes, no qual sobe no Aeropago areios pagos, ou monte de marte, e ali leva ovelhas e faz uma dinâmica espiritual com eles e com todos, o interessante é que vejo Deus Altissímo, até então desconhecido, guiando as ovelhas para um lugar onde não havia altares, e Epimenedes, movido pelo espírito de Deus, pede a eles que sacrifiquem ali a um Deus único e Altissímo, o Elohim, criador dos céus e Ada terra. Toda a praga ali é sessada e a inscrição adotada no altar é Agnósto Theo, O Deus Desconhecido, mas aquele que conhece tudo e a todos e o mais profundo dos nossos corações e da nossa alma.

Esse deus, segundo Epimênides, possuía alguns atributos: Ele era “poderoso e suficientemente bondoso para fazer alguma coisa a respeito da praga“, que assolava a população de Atenas se caso eles apenas pedissem a sua ajuda. Disse ele: ”Qualquer deus suficientemente grande e bondoso para fazer algo a respeito da praga é também poderoso e misericordioso para nos favorecer em nossa ignorância – se reconhecermos a mesma e o invocarmos!.

Logo em seguida Epimênides “orou com voz profunda e cheia de confiança: Ó, tu, deus desconhecido! Contempla a praga que aflige esta cidade! E se de fato tens compaixão para perdoar-nos e ajudar-nos, observa este rebanho de ovelhas! Revela tua disposição para responder, eu peço, fazendo com que qualquer ovelha que te agrade deite na relva em vez de pastar. Escolha as brancas se elas te agradarem; as pretas se te causarem prazer. As que escolheres serão sacrificadas a Ti reconhecendo nossa lamentável ignorância do teu nome!“.

Paulo entregou uma mensagem religiosa sob roupagem filosófica, tendo mesmo citado um poeta grego, chamando a atenção dos cidadãos. Em seguida, Paulo expôs a porção distintivamente cristã, citando Jesus Cristo como o Juiz, o que fica comprovado pelo fato de que Deus o ressuscitara den­tre os mortos, o que sem dúvida não era um sinal comum.

É interessante pensar que a idolatria não fazia mais parte da religião judaica, mas mesmo assim Paulo foi pregar na sinagoga. Ele não estava indignado somente pelas imagens que encontrou em Atenas. Estava indignado pelo fato das pessoas não conhecerem a Deus, tanto os gregos como os judeus.

Paulo desejava que Deus fosse conhecido pelas pessoas a qualquer custo. Mudou seus planos, expôs-se, enfrentou preconceitos, trabalhou diariamente para tirar as pessoas do engano.

Deus ainda continua desconhecido passados 2000 anos. Paulo sentiria hoje a mesma indignação hoje e sairia pregando hoje nas sinagogas, mesquitas, igrejas, templos e também em praça pública para que Deus fosse conhecido. Um exemplo de zelo, de amor pelo nome de Deus e de misericórdia pelas pessoas, que muito nos impressiona.

Quando Deus nos chama, ele nos chama para, conhecê-lo e fazê-lo conhecido. Anunciar a Deus diariamente não vem de uma regra da Igreja ou de um hábito religioso. Vem do desejo de querer fazer Deus conhecido. Vem de uma profunda indignação, uma inquietação do Espírito ao ver quantos equívocos são realizados em nome de Deus. Vem de compaixão de um mundo perdido e sem orientação espiritual.

Vivemos ainda em uma sociedade cheia de ídolos. Podemos observar os falsos deuses estampados em toda parte. Os símbolos de status: o poder, o dinheiro, a beleza, o prazer, o sexo… Vivemos de ilusões – imagens de pessoas independentes, bem sucedidas, auto-suficientes, tão reais quanto as imagens de Atenas. Do mesmo modo que os atenienses eram tolerantes a novos deuses, hoje também existem várias formas de manifestações religiosas que são aceitas sem restrições pela nossa sociedade.

Porém o maior problema é que não ficamos indignados. A pornografia e a imoralidade dominam a mídia, mentir e enganar os outros transformou-se em sinal de esperteza, a hipocrisia religiosa é dominante e várias outras coisas resultam no fato de Deus ser desconhecido hoje também.

Há uma grande necessidade de homens como Paulo hoje. Deus precisa ser conhecido. É muito interessante ver o comportamento do apóstolo em Atenas. Ele não chegou derrubando estátuas, condenando todos ao inferno, pregando de uma maneira áspera… Paulo foi ousado em sua fé, mas sábio em sua conduta. Foi insistente até ser escutado. Mas para isso se sujeitou a riscos, humilhações, falsos julgamentos… Não foi fácil, mas pela sua fé, conseguiu atingir seu alvo.

Alguns de nós podemos nos identificar com Paulo, ao ver como ele foi tratado pelas pessoas: “O que está tentando dizer este tagarela ?” – Atos 17:18a

Os gregos eram pessoas cultas, não tinham tempo para ouvir besteiras. Por isso Paulo foi chamado de tagarela, como se tivesse discursando sobre um assunto sem importância. Talvez comparado aos loucos que andam pelas ruas falando alto, sem entendimento ou coerência alguma, para uma multidão invisível. Alguns estudiosos dizem que o termo tagarela em grego era usado para um certo tipo de pássaro que saia bicando sementes aqui e ali para sobreviver, e Paulo foi comparado a esta ave como se vivesse andando de lugar em lugar discursando sobre seus conhecimentos a fim de ganhar seu sustento.

“Parece que ele está anunciando deuses estrangeiros” – Atos 17:18b. Se Paulo tivesse realmente anunciando novas divindades, não existiria lugar melhor que em Atenas. Mais um deus não faria diferença em um cidade tão cheia de ídolos. Seria simplesmente mais um… Em grego, a palavra para ressurreição é anastasis, um palavra feminina. Como Paulo pregava sobre Jesus e a ressurreição, os dois pontos principais do Cristianismo, eles interpretaram como sendo mais um casal de deuses.

É muito frustrante ser mal interpretado. Ser taxado como tagarela quando se está anunciando a mensagem mais importante do universo. Quantos cristãos não são considerados tagarelas, quando estão falando de Deus?

Porém nada disso parou Paulo. Isso porque ele de fato conhecia a Deus e o seu desejo era de que Ele fosse bem conhecido por todos. Seu desejo o levou a iniciar 21 igrejas, a escrever metade do Novo Testamento e seu impacto é sentido até hoje. E hoje, você conhece a Deus? Se o conhece, está fazendo com que ele seja conhecido por outros?

Henrique Carezia

Published in: on julho 13, 2009 at 5:45 am  Comments (2)  

Voto do nazireu ou voto do cabelo

At 18.2 Paulo em Corinto, encontra um casal chamado Áquila e Priscila, de origem judaica, onde a profissão dos mesmos era semelhante, ficando com eles Paulo, ajuda no sustento do lar prestando serviços a eles. Mas devido ao orgulho judaico e inveja referente ao ministério de Paulo, começam aparecer rumores de que Paulo tem desprezado a lei, pregando contra a mesma. Isso se faz notório aos ouvidos de Paulo, que junto com esse casal se entristecem, mesmo sabendo que isso era mentira.

Como agora Paulo poderia provar a sua inocência validando a lei de Moisés juntamente com a sua consagração e comprimento de ambos, agora haveria uma maneira na qual, toda a estrutura judaica se abalaria com tal prova de fidelidade a lei e aos costumes judaicos, era o voto do nazireu conforme, sendo esse agora um argumento irrefutável, sobre a veracidade do cumprimento da lei judaica ao pé da risca, isso ocorre em At 18.18 E Paulo, ficando ainda ali muitos dias, despediu-se dos irmãos, e dali navegou para a Síria, e com ele Priscila e Áqüila, tendo rapado a cabeça em Cencréia, porque tinha voto”.

No versículo acima, vemos o apóstolo em um ato que chama a atenção para meditarmos nas escrituras, ele toma a decisão de raspar sua cabeça, fazendo um pacto com o Senhor, um voto que só poderia ser concluído ou entregue ao Senhor de acordo com a lei nazireu no templo de Jerusalém em forma de sacrifício.

Vamos agora analisar algumas referências bíblicas sobre outros nazireus existentes na bíblia:

Números capitulo 6 e versículos de 1 a 21 descreve-se toda a lei referente ao voto do nazireado, vamos meditar sobre ela:

1 E falou o SENHOR a Moisés, dizendo:
2 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando um homem ou mulher se tiver separado, fazendo voto de nazireu, para se separar ao SENHOR,
3 De vinho e de bebida forte se apartará; vinagre de vinho, nem vinagre de bebida forte não beberá; nem beberá alguma beberagem de uvas; nem uvas frescas nem secas comerá.
4 Todos os dias do seu nazireado não comerá de coisa alguma, que se faz da vinha, desde os caroços até às cascas.
5 Todos os dias do voto do seu nazireado sobre a sua cabeça não passará navalha; até que se cumpram os dias, que se separou ao SENHOR, santo será, deixando crescer livremente o cabelo da sua cabeça.
6 Todos os dias que se separar para o SENHOR não se aproximará do corpo de um morto.
7 Por seu pai, ou por sua mãe, por seu irmão, ou por sua irmã, por eles se não contaminará quando forem mortos; porquanto o nazireado do seu Deus está sobre a sua cabeça.
8 Todos os dias do seu nazireado santo será ao SENHOR.
9 E se alguém vier a morrer junto a ele por acaso, subitamente, que contamine a cabeça do seu nazireado, então no dia da sua purificação rapará a sua cabeça, ao sétimo dia a rapará.
10 E ao oitavo dia trará duas rolas, ou dois pombinhos, ao sacerdote, à porta da tenda da congregação;
11 E o sacerdote oferecerá, um para expiação do pecado, e o outro para holocausto; e fará expiação por ele, do que pecou relativamente ao morto; assim naquele mesmo dia santificará a sua cabeça.
12 Então separará os dias do seu nazireado ao SENHOR, e para expiação da transgressão trará um cordeiro de um ano; e os dias antecedentes serão perdidos, porquanto o seu nazireado foi contaminado.
13 E esta é a lei do nazireu: no dia em que se cumprirem os dias do seu nazireado, trá-lo-ão à porta da tenda da congregação;
14 E ele oferecerá a sua oferta ao SENHOR, um cordeiro sem defeito de um ano em holocausto, e uma cordeira sem defeito de um ano para expiação do pecado, e um carneiro sem defeito por oferta pacífica;
15 E um cesto de pães ázimos, bolos de flor de farinha com azeite, amassados, e coscorões ázimos untados com azeite, como também a sua oferta de alimentos, e as suas libações.
16 E o sacerdote os trará perante o SENHOR, e sacrificará a sua expiação do pecado, e o seu holocausto;
17 Também sacrificará o carneiro em sacrifício pacífico ao SENHOR, com o cesto dos pães ázimos; e o sacerdote oferecerá a sua oferta de alimentos, e a sua libação.
18 Então o nazireu à porta da tenda da congregação rapará a cabeça do seu nazireado, e tomará o cabelo da cabeça do seu nazireado, e o porá sobre o fogo que está debaixo do sacrifício pacífico.
19 Depois o sacerdote tomará a espádua cozida do carneiro, e um pão ázimo do cesto, e um coscorão ázimo, e os porá nas mãos do nazireu, depois de haver rapado a cabeça do seu nazireado.
20 E o sacerdote os oferecerá em oferta de movimento perante o SENHOR: Isto é santo para o sacerdote, juntamente com o peito da oferta de movimento, e com a espádua da oferta alçada; e depois o nazireu poderá beber vinho.
21 Esta é a lei do nazireu, que fizer voto da sua oferta ao SENHOR pelo seu nazireado, além do que suas posses lhe permitirem; segundo o seu voto, que fizer, assim fará conforme à lei do seu nazireado.

Mais duas passagens sobre o mesmo voto podemos ler a seguir:

Juizes 13.5 “Porque eis que tu conceberás e terás um filho sobre cuja cabeça não passará navalha; porquanto o menino será nazireu de Deus desde o ventre; e ele começará a livrar a Israel da mão dos filisteus”.

I Sm 1.11 “e Ana e fez um voto, dizendo: ó Senhor dos exércitos! se deveras atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva não te esqueceres, mas lhe deres um filho varão, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e pela sua cabeça não passará navalha”.

Como é fascinante esse voto que era feito pelos judeus, a seguir podemos agora entender, através de um estudo sistemático, como esse voto se dava e qual era a sua origem e importância no comprimento total do mesmo.

O Nome

A forma mais correta da palavra é nazireado, nazireu, embora alguns grafem, em outras línguas, nazarita. A palavra portuguesa vem do hebraico nazir, derivada de nazar, separar, consagrar, abster-se. Além disso, há a considerar o termo nezer, diadema, coroa de Deus, termo algumas vezes aplicado à cabeleira não-tosquiada dos nazireus, cabeleira essa considerada sua coroa e adorno. E dessa outra palavra hebraica que alguns pensam que se deriva a forma nazarita. Comparar isso com I Cor. 11:15.

O nazarita ou nazireu (2), do hebraico nazir distinguia-se do nazareno, do hebraico também neser, aplicado a Cristo em Mt 2.23. Embora parecidas as palavras nas línguas modernas, diferem bastante no hebraico por serem diferentes as consoantes médias. Assim, por nazireu entendia-se todo aquele que se separava e distinguia por qualquer modo invulgar para se dedicar a Deus, fazendo um voto especial, quase sempre por determinado tempo. Por isso o radical hebraico implica em separação e consagração, como podemos ver em Deuteronômio e Números 33.16, a propósito de José, que “se separou” de seus irmãos.

O voto do nazireado envolve a consagração especial de pessoas ou coisas a Deus (ver Gên. 49:26; Deu. 33:16). Está especificamente em pauta o caso dos nazireus, cujos cabelos compridos serviram de emblema de sua separação ao serviço do Senhor, cabelos esses que eram reputados a coroa de glória deles. Ver Núm. 6:7. Comparar com II Sam. 14:25,26.

Caracterização Geral

Os nazireus formavam grupos ascéticos no judaís­mo. Eles tomavam vários votos, como abster-se de vinho, não entrar em contacto com qualquer coisa imunda, ou não aparar os cabelos. Entre os antigos hebreus, esses votos eram vitalícios (ver a história de Sansão). E o trecho de Amos 2:12 sugere que os nazireus eram muito prestigiados em Israel.

A legislação posterior, entretanto, permitia que tais votos fossem limitados quanto ao tempo (ver Josefo, Guerras 2:15,1). Mas, um elemento que nunca foi abandonado foi o de um severo ascetismo. O voto do nazireado aparece em Núm. 6:1-20. Ninguém podia fazer tais votos por um período inferior ao de trinta dias. Sansão, Samuel e João Batista (de acordo com muitos eruditos), foram nazireus vitalícios. A instituição do nazireado tinha por intuito tipificar a separação e um modo de viver santificado e restrito. A cabeleira crescida simbolizava a virilidade e virtudes heróicas.

As madeixas de cabelos simbolizavam uma simplicidade infantil, poder, beleza e liberdade. Maimônides, um sábio judeu sefardi (falecido em 1204), referiu-se à dignidade dos nazireus como equivalente à de um sumo sacerdote. E antes dele, Eusébio, o grande historiador eclesiástico da Igreja antiga, asseverou, em termos enfáticos, que os nazireus tinham acesso ao Santo dos Santos, em Israel (História Eclesiástica 2,23).

Os pais podiam dedicar seus filhos homens a esse grupo religioso separatista. Entretanto, os nazireus não viviam em comunidades separadas, e nem lhes era vedada a associação com outras pessoas, ou de se ocuparem em atividades comuns. Viviam na comunidade de Israel como símbolos de dedicação especial a Yahweh. Essa era a principal função dos nazireus. E eles mostravam-se ativos no serviço religioso e nas práticas ritualistas.

Origem do Nazireado

O sexto capítulo do livro de Números fornece-nos as regras acerca da questão, embora alguns estudiosos suponham que temos ali uma confirmação e regularização da prática, e não um começo absoluto da mesma. É possível que, a certa altura dos acontecimentos, a prática tenha penetrado no corpo da legislação mosaica. E os argumentos que dizem que a prática do nazireado foi tomada por empréstimo de povos pagãos, como os egípcios, não convencem e nem têm sido acolhidos pela maioria dos eruditos.

Provisões do Voto

O leitor deve examinar o sexto capítulo do livro de Números. Esse voto podia variar quanto à sua duração. Podia ser imposto às crianças, por seus pais, que as dedicavam à vida do nazireado, como foi o caso de Sansão (ver Juí. 13:5,14), e talvez de Samuel (ver I Sam. 1:11) e de João Batista (Luc. 1:15). A Mishna afirma que esses votos eram tomados por um mínimo de trinta dias, e que o período de sessenta dias era o mais comum. O voto tomado por Paulo, conforme está registrado em Atos 18:18, provavelmente foi um voto temporário de nazireu.

Proibições. Os nazireus precisavam abster-se de vinho, de todas as bebidas alcoólicas, de vinagre, e até de uvas e passas de uvas. A experiência humana exibe claramente os debilitantes efeitos espirituais das bebidas alcoólicas. Além disso, esses votos provavel­mente eram um protesto contra as práticas pagãs, onde as bebidas alcoólicas eram usadas para agitar aos adoradores, levando-os a cometerem toda sorte de excessos. Um forte exemplo dessa adoração, era a embriaguês exercidas pelos adoradores do deus Baco ou Bako, sendo ele tido pelos pagãos como o deus do vinho. Essa adoração era dada através do consumo axagerado de vinho pelos seus fiéis misturadas com muitas músicas e batuques, originando daí o tão famoso carnaval dos dias atuais.

Mas os nazireus também não podiam tocar em coisas imundas, como um cadáver, mesmo que se tratasse de um parente próximo. E cumpre-nos observar que os sumos sacerdotes de Israel também não se podiam contaminar desse modo.

Requisitos. Um nazireu não podia cortar os cabelos durante todo o tempo em que perdurasse a sua consagração. As referências literárias mostram que os cabelos de uma pessoa eram considerados a sede da vida, e até mesmo a habitação de espíritos e de influências mágicas. Talvez por essa razão é que, terminado o voto do nazireado, a pessoa precisava raspar seus cabelos e queimá-los, como medida eficaz para anular quaisquer poderes que os cabelos fossem tidos como possuidores.

Violação. Se os votos do nazireado fossem violados em qualquer sentido (até mesmo por acidente, como quando um nazireu entrava em contacto com um cadáver), ele precisava renovar todo o conjunto de ritos purificadores, e começar de novo os seus votos.

Término. Ao fim do tempo marcado, um nazireu precisava oferecer vários sacrifícios, cortando rente os seus cabelos e queimando-os no altar. Em seguida, o sacerdote oficiante efetuava certos ritos determina­dos, e o homem estava desobrigado de seu voto ao Senhor.

Problemas e Modificações

Alguns estudiosos pensam que o sexto capítulo de Números pertence à fonte informativa P.(S.), o código sacerdotal, que pertenceria aos tempos exílicos, ou mesmo depois. Essa legislação posterior, conforme eles supõem, permitia votos específicos relativamente breves. Mas, mais antigamente, conforme ainda argumentam, um voto era feito por toda a vida. Sansão e Samuel foram exemplos da prática mais antiga.

É possível que Absalão tivesse sido posto sob esse voto, o que explicaria sua vasta cabeleira. Entretanto, Jesus não foi um nazireu, e, sim, um nazareno (ver Mat. 2:23), embora isso não concorde com o que dizem alguns intérpretes.

João Batista, em contraste com Jesus, pode ter sido um nazireu verdadeiro, o que explicaria certos aspectos ascéticos de sua vida (ver Luc. 1:15). A prática posterior entre os judeus fez com que esse voto envolvesse apenas atividades religiosas ritualistas, conforme se via, para exemplificar, no farisaísmo; mas isso já representava uma perversão religiosa, que o Senhor Jesus combateu. Interessante é observar que o judaísmo moderno está completamente alicerçado sobre o farisaísmo, embora com certas evoluções medievais e modernas.

O nazireado era um voto feito por pessoas que procuravam alívio para as suas enfermidades ou aflições, conforme nos informa Josefo (Guerras, 11.15,1). Até mesmo Berenice, a incestuosa esposa-irmã do rei Herodes Agripa, fez tal voto, segundo Josefo menciona naquele trecho de sua famosa obra. A Mishna, Nazir V. 5, demonstra como a questão acabou se desintegrando. De acordo com esse comentário judaico, era possível alguém tomar voto até em relação a uma dívida assumida em uma aposta. As informações dadas por Josefo mostram-nos que os nazireus constituíam uma característica comum na vida judaica de seus dias.

Nazireado e o apóstolo Paulo

Atos 18:18: Paulo, tendo ficado ali ainda muitos dias, despediu-se dos irmãos e navegou para a Síria, e com ele Priscila e Âquila, havendo rapado a cabeça em Cencréia, porque tinha voto.

Este voto foi feito pelo próprio Paulo, inicia-se aqui neste versículo, raspando a cabeça, Paulo está declarando a todos que o seu foto iniciou-se, isso teria um grande efeito sobre a cupola judaíca em Jerusalém que estava julgando ele como um herege, ou apóstata da fé, devido rumores espalhados por toda a província.

Josefo, grande historiador judeu do tempo apostólico, informa-nos de que o voto do nazireado se completava quando os cabelos eram raspados. (Ver também Núm. 6:5,18). Assim diz Josefo (ver Guerras dos Judeus, II. 15:1): Aqueles que sofrem de alguma enfermidade, ou que de alguma outra maneira caem em infortúnio, costumei­ramente fazem um voto de que, por trinta dias, antes de oferecerem algum sacrifício, abster-se-ão de vinho, e de rasparem a própria cabeça.

Ora, se essa norma foi seguida por Paulo, isso significaria que o apóstolo estava então iníciando um período de dias, durante o qual Paulo não tornaria a cortar os cabelos. Mais tarde o apóstolo remiria o seu voto, oferecendo o sacrifício apropriado, no templo de Jerusalém, no desenrolar da festa da páscoa.

Em Atos 21:15-26, podemos entender melhor como se encerraria o voto do nazireu, quase no final da sua segunda viagem Paulo faz esse voto, e vemos depois disso a sua pressa em chegar logo a Jerusalém para entregar o seu voto como sacrifício:

15 ¶ E depois daqueles dias, havendo feito os nossos preparativos, subimos a Jerusalém.
16 E foram também conosco alguns discípulos de Cesaréia, levando consigo um certo Mnasom, cíprio, discípulo antigo, com quem havíamos de hospedar-nos.
17 E, logo que chegamos a Jerusalém, os irmãos nos receberam de muito boa vontade.
18 E no dia seguinte, Paulo entrou conosco em casa de Tiago, e todos os anciãos vieram ali.
19 E, havendo-os saudado, contou-lhes por miúdo o que por seu ministério Deus fizera entre os gentios.
20 E, ouvindo-o eles, glorificaram ao Senhor, e disseram-lhe: Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que crêem, e todos são zeladores da lei.
21 E já acerca de ti foram informados de que ensinas todos os judeus que estão entre os gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar seus filhos, nem andar segundo o costume da lei.
22 Que faremos pois? em todo o caso é necessário que a multidão se ajunte; porque terão ouvido que já és vindo.
23 Faze, pois, isto que te dizemos: Temos quatro homens que fizeram voto.
24 Toma estes contigo, e santifica-te com eles, e faze por eles os gastos para que rapem a cabeça, e todos ficarão sabendo que nada há daquilo de que foram informados acerca de ti, mas que também tu mesmo andas guardando a lei.
25 Todavia, quanto aos que crêem dos gentios, já nós havemos escrito, e achado por bem, que nada disto observem; mas que só se guardem do que se sacrifica aos ídolos, e do sangue, e do sufocado e da prostituição.
26 Então Paulo, tomando consigo aqueles homens, entrou no dia seguinte no templo, já santificado com eles, anunciando serem já cumpridos os dias da purificação; e ficou ali até se oferecer por cada um deles a oferta.

A origem da prática do voto do nazireado é anterior aos tempos de Moisés, e para nós é obscura.

Sabemos, entretanto, que os semitas e outros povos antigos não cortavam os próprios cabelos e nem faziam a barba quando tinham de ocupar-se de alguma questão importante, o que servia de sinal de que solicitavam a ajuda divina. Posteriormente ao período de voto, porém, os cabelos eram raspados, sendo queimados em algum lugar sagrado, como uma oferta a Deus ou aos deuses. Entre as tribos árabes até hoje há reflexos desse antiquíssimo costume. (Ver A. Lods, Israel, 1932, pág. 305. Examinar também o trecho de Juí. 5:2).

Séculos mais tarde, esse voto veio a significar alguma consagração especial a Deus, o que, evidentemente, podia perdurar por muitos anos, embora também pudesse envolver um período mais curto de tempo, dependendo da intenção com que um voto fosse feito. Alguns indivíduos se tornavam nazireus por toda a vida, como se deu no caso de Sansão, que foi consagrado como tal desde o berço. (Ver Juí. 13:5,6). Samuel, mais ou menos da mesma maneira, ainda que seu voto não envolvesse a abstinência de vinho, ocupava a mesma posição de nazireu. (Ver I Sam. 1:11). João Batista também cumpriu o espírito desse voto, posto que, aparente­mente, o seu compromisso não envolvia a necessidade de deixar os cabelos crescerem perpetuamente, sem cortá-los. Ver Luc. 1:15.

De fato, os nazireus representavam simbolicamente aquilo que é exigido, em termos espirituais, de todos os crentes (excetuando os símbolos físicos), visto que todos os crentes no Senhor Jesus devem apresentar-se como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rom. 12:1).

Quando da conclusão do voto do nazireado, contanto que esse não fosse fixado para a vida terrena inteira, os devotos ofereciam um sacrifício pelo pecado, uma oferta queimada (o que subentendia a sua autodedicação) e uma oferta pacífica, juntamente com pães asmos. (Este último aspecto fala de ação de graças por parte do ofertante).

No trecho de Atos 21:24-27 vemos uma alusão a um voto de nazireado estrito. Paulo, por ser caridoso, resolveu arcar ele mesmo com as despesas das ofertas, a fim de mostrar o seu respeito pela lei mosaica. No entanto, o voto que encontramos no trecho presente, Atos 18:18, provavelmente foi um voto de nazireado um tanto ou quanto modificado, ainda que alguns intérpretes opinem que talvez tivesse pertencido a outro tipo de voto, talvez uma espécie de oferta de ação de graças pelo que Deus realizara por seu intermédio, em Corinto, pelo sucesso da obra evangelizadora naquela cidade e pela proteção com que Deus o resguardara em segurança, fora do alcance de todos os seus adversários. Bem poderíamos imaginar que Paulo reiterou sua dedicação a Cristo mediante essa ação, esperando que lhe fossem conferidas outras oportunidades de trabalhar com êxito na causa do Senhor.

Nem mesmo durante o concilio de Jerusalém se tomou qualquer providência de proibir aos judeus de expressarem a sua adoração sob formas judaicas; meramente os crentes gentílicos foram liberados de tais obrigações religiosas, não lhes tendo sido imposta essa carga que pesava sobre os ombros dos judeus. Por sua vez, nada existe de mais evidente, em todo o livro de Atos, do que o fato de que até mesmo os apóstolos de Cristo continuaram observando os ritos judaicos, bem como as cerimonias e os costumes próprios do judaísmo. Não se há de duvidar que a maior parte de todos os primitivos cristãos judeus assim fazia. Aqueles eram os costumes religiosos consagrados pelo tempo, e foi mister passarem-se muitos e muitos anos, até que tais práticas fossem descontinuadas pelos cristãos.

Portanto, não há razão alguma em supormos que Paulo fez qualquer coisa errada neste ponto; antes, fez aquilo em um espírito autêntico de adoração e de consagração, numa atitude de suprema dedicação a Cristo, ainda que seguisse algumas formas externas antigas para expressar esse zelo. (Ver as notas expositivas acerca do caráter judaico da primitiva igreja cristã, em Atos 2:46 e 3:1 no NTI).

Alguns estudiosos têm procurado inocentar Paulo de seu suposto lapso ou culpa, afirmando que Ãquila, e não Paulo, é quem teria feito o voto. Mas isso não passa de uma tentativa desnecessária de evitar a realidade. Pelo contrário, a verdade é conforme diz Robertson (in loc): Paulo, sendo um judeu, guardou essa observância da lei cerimonial judaica, embora se recusasse a impô-la aos gentios.

Naturalmente isso não quer dizer que o apóstolo Paulo tenha continuado a observar a grande multidão de observâncias e requisitos cerimoniais do judaísmo de seus dias; pois é óbvio que ele não agia dessa maneira. Mas antes, ocasionalmente, ele fazia algo dessa natureza, visando algum propósito específico.

O VOTO DOS NAZIREUS Nm 6.1-21

A maneira como a questão se apresenta leva-nos a supor que se trata duma instituição já existente, uma vez que se acentua a diferença entre nazireus e não nazireus. Quanto à duração do voto, não sabemos de qualquer israelita que se tenha obrigado a ele durante a vida inteira. O caso de Sansão (Jz 13-16) é diferente, por não se tratar dum voto propriamente dito, mas duma obrigação que lhe foi imposta ainda antes de nascer e que o vinculava para sempre (Jz 13.5,7,13-14). Mas não era este o caso da maioria dos autênticos nazireus, embora certos aspectos fossem semelhantes.

Para o Cristão é de certa utilidade esta doutrina por considerar as suas relações com tudo o que em si não é pecaminoso, mas pode trazer obstáculos ao progresso da vida espiritual (Hb 12.1). A vida espiritual de certas pessoas pode ser muito avançada por eles absterem-se de algumas coisas que não são más em si mesmas. Ao mesmo tempo, nem sempre se podem forçar aqueles que desejam servir ao Senhor a fazerem votos que não podem cumprir, com prejuízo certo para as suas almas. Lembremo-nos da corrupção que grassava nos conventos medievais, e cujas conseqüências funestas ainda hoje se sentem. Deus quer que todos os Seus servos encarem a vida espiritual como coisa normal.

Condições para o voto do nazireu (Nm 6.1-8).

O vers. 2 define o voto do nazireu, que o homem ou a mulher podem fazer voluntariamente, separando-se por determinado tempo, a fim de se consagrarem ao serviço militar do Senhor. Os nazireus eram comparados com o sumo sacerdote por se separarem até de coisas mortas. (Lv 21.1-3,10-11).

Nem o amor da família o levaria a faltar a tal obrigação. Não é que fosse pecado tocar nos cadáveres. Em certos casos mesmo era um sinal de respeito, pois havia entre os judeus quem pensasse que tinha feito uma coisa santa em tocar num cadáver para dar a alguém uma sepultura decente. Foi este princípio que originou o livro apócrifo de Tobias. Mas ao nazireu exigia-se-lhe que de livre vontade se abstivesse desta forma de impureza, mesmo que se tratasse de membros de sua família. Enquanto separado e a Deus consagrado, devia permanecer santo e puro para com dignidade se dedicar ao Culto do Senhor.

Penas destinadas às infrações involuntárias (Nm 6.9-12).

Não se fala da infração às duas primeiras obrigações, de que falamos, por constituírem sempre um ato voluntário e serem, portanto, inadmissíveis. A possibilidade de alguém morrer junto dum nazireu é que o tornaria impuro legalmente, mesmo contra a sua vontade. Neste caso ficaria sujeito às mesmas prescrições que tornavam impuro qualquer israelita (Nm 19) e, além disso, ao sétimo dia cortaria o cabelo e iria ao Santuário oferecer duas rolas ou dois pombinhos para sua purificação (Lv 15.14) e, como expiação da culpa, um cordeiro. O pior era o tempo do seu voto que seria descontado, tendo de recomeçar, como se nada houvesse.

Esta lei parece-nos demasiado severa para quem não cometia qualquer erro voluntariamente. Mas a santidade de Deus exige também que sejam santos todos os que se dedicam ao Seu serviço, de forma a evitarem toda e qualquer espécie de pecado ou impureza que os possa macular. Purifiquemo-nos, pois, da melhor maneira para que no serviço do Senhor tudo seja puro e santo.

Como finda o voto do nazireu (Nm 6.13-21).

Através do vers. 13 fácil é compreender-se que o voto do narizeu terminava após um determinado período, seguido duma série de cerimônias que davam a entender quem era ou não nazireu. Começavam à porta da tenda da congregação e exigiam as oferendas descritas nos vers. 14-15. Após o ritual a que presidia o sacerdote (16-17), ainda à porta da mesma tenda o nazireu cortava o cabelo, que era queimado no próprio fogo do sacrifício. Nada podia guardar como prova da sua consagração anterior. Novas cerimônias levadas a cabo pelo sacerdote (19-20) indicavam que o nazireu estava dispensado de todas as restrições que tinha imposto a si próprio.

O vers. 21 conclui numa espécie de título, aludindo ao sacrifício do nazireu, e frisando que esse sacrifício deve exceder o que a lei normal prescreve. É o que dá a entender a expressão idiomática “além do que alcançar a sua mão”.

O voto de nazireado (ou nazireato), foi institucionalizado e regulamentado na Torá no Livro de Números 6:1-21. Em virtude desta consagração, o nazireu devia abster-se de tomar certos alimentos e bebidas fermentadas, de cortar o cabelo e tocar em cadáveres. Estas exigências particulares parecem traduzir os seguintes princípios: manter-se mentalmente são (“abster-se de vinho e de bebida fermentada”) e em sujeição a Deus (simbolizado pelo não cortar o cabelo) e manter-se cerimonialmente puro (não tocar em cadáveres).

Após a conclusão do seu voto, o nazireu realizava o ritual de purificação e fazia três oferendas no Santuário. Um voto dito “à semelhança de Sansão” era um voto para toda a vida.

Nazireus no cristianismo

João Baptista teria sido também um nazireu, embora o Novo Testamento nunca se refira a ele usando diretamente este termo. O seu estatuto de nazireu deduz-se devido ao seu estilo de vida ascético; em Lucas 1:15 o anjo informa a Zacarias, pai de João, que a sua mulher dará à luz um filho que “não beberá vinho nem bebida alcoólica”.

O apóstolo Paulo, junto com outros cristãos, fizeram também um voto temporário de nazireato. (Atos 18:18; 21:23-26).

Este tipo de consagração é considerado pelos teólogos católicos como modelo precursor do monasticismo cristão. Já outras denominações cristãs, encaram-no como precursor do ministério religioso por tempo integral.

Nos dias de hoje

Nos dias de hoje Deus está de fato levantando uma geração de ”nazireus”. Homens e mulheres, crianças, jovens e velhos, pessoas dispostas a serem propriedade exclusiva de Deus. Separados para Ele em santidade. Em 1 Pedro 2:9, lemos: “Mas vós sois geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para Sua maravilhosa luz .”

Os requisitos impostos aos nazireus tinham significado e sentido especial na adoração de Deus. Iguais ao sumo sacerdote que, por causa do seu cargo sagrado, não devia tocar em cadáver, nem mesmo de seus parentes mais chegados, tampouco os nazireus o deviam fazer. Proibia-se ao sumo sacerdote e aos subsacerdotes, por causa da séria responsabilidade dos seus cargos, beber vinho ou bebida inebriante ao realizarem seus deveres sagrados perante Deus. – Le 10:8-11; 21:10, 11.

O Significado Espiritual

Através de Jesus, Deus separou para si, um povo para manifestar Seu caráter, Sua santidade. Os “nazireus” de hoje são pessoas que vão muito além das palavras e das aparências. São pessoas que vivem e buscam verdadeiramente a santidade e a presença de Deus.Os nazireus não podiam:

1- Beber vinho: Os nazireus de hoje, são pessoas que não se envolvem e não se iludem com a alegria passageira que o mundo oferece; O nosso prazer não está nas coisas deste mundo, não está no amor humano, não está na religião, no sexo ou nas drogas. O que verdadeiramente nos satisfaz é poder estar na presença do Senhor gerando um sorriso nos Seus lábios; 1 Jo 2.15 “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele”.

2- Ter contato com cadáveres: A morte fala de separação. E a Bíblia nos diz que o salário do pecado é a morte. Os nazireus de hoje são pessoas que não se contaminam com o pecado, não se deixam influenciar por outras pessoas que vivem em pecado, por mais próximas e influentes que estas pareçam ser. Ou seja, não nos contaminamos com o pecado nem mesmo que seja por causa dos nossos pais. Temos tristes exemplos disso quando vemos jovens cristãos bebendo ou jogando cartas, truco, por exemplo, só porque estão com seus pais em uma ocasião em que estão reunidos. Abrem mão de sua santidade por alguns momentos para tentar agradar a família, Rm 8.8 “Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus”.

Os que realmente se separam para Deus, têm necessidade de permanecerem em comunhão com o Espírito Santo e de obedecerem ao Senhor.

3- Cortar o cabelo: Os nazireus de hoje têm atitudes externas que mostram que são diferentes. São diferentes no seu modo de falar, de se vestir, de agir, de se relacionar com outras pessoas. São verdadeiros adoradores que adoram a Deus com todo o seu ser: espírito, alma e corpo. Eles exteriorizam o que sentem quando adoram ao Senhor no levantar das mãos, nos saltos de alegria, nos brados e nos dons espirituais, Jo 4.23 “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem”.

Mas não fica apenas limitado ao culto dentro da igreja, mas a sua santidade se evidencia no dia-a-dia, os homens percebem que são diferentes porque os nazireus continuam honrando ao Senhor em todas as suas atitudes diárias, no trabalho, na escola, em casa, na rua, em qualquer lugar.

Eles eram exemplos para o povo de Israel. Eles conviviam com o povo de Deus diariamente, mas eram diferentes. Com isso, entendo que o Senhor está despertando a nossa geração para ser exemplo não para o mundo apenas, mas principalmente para o Seu próprio povo. Devemos em nossa vida ser Exemplos em Santidade e Exemplos em Adoração.

Henrique Carezia

Published in: on julho 13, 2009 at 5:39 am  Comments (26)